sábado, 13 de dezembro de 2014

ALFREDO CHLAMTAC FILHO EM POESIA * Antonio Cabral Filho - Rj

ALFREDO CHLAMTAC FILHO, POETA,
de camisa social azul, no lançamento do livro
POETAS 10ENGA VETADOS
em dezembro de 1995.

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Primeiro, quero dizer que falar dos amigos é sempre difícil; falar dos  amigos com os quais concordamos também é difícil, mas falar dos amigos dos quais discordamos e mesmo assim conseguimos ser amigos, esses, são especiais. É  o caso do ALFREDO CHLAMTAC FILHO. Sempre "batemos de frente" nas opiniões, mas na hora das "DIRETAS JÁ!" nós estávamos ombro a ombro de faixa na mão; na hora da CONSTITUINTE ídem; na hora do "LULA LÁ!" também e o mais interessante é que tínhamos "leituras" discordantes sobre as mesmas coisas. Aí ele me acusava de "IMEDIATISTA", dizendo que eu só queria ver como seria um operário presidente, que eu só queria a democracia, que eu não era MARXISTA, e que ele queria o SOCIALISMO e que até lá.... TUDO É TÁTICO. Eu concordava, mas ele retrucava dizendo que dispensava o meu apoio, uma vez que o meu método de luta era só LEGAL e não REVOLUCIONÁRIO. Impaciente, com a cabeça cheia de "teorréias ", mandava ele sentar no método revolucionário...


Segundo, quero falar sobre a poesia do meu amigo, pois através dela, aprendi muito do que acredito ser atualmente, ou seja, um homem com visão cada vez mais ampla dos problemas humanos e que não acredita mais nas " ações diretas já!", pois se a solução fosse ir alí na esquina e matar alguém que EU responsabilize pelas desgraças do mundo, tudo estaria resolvido;  mas não está e o pior é isso... Mas foi pela convivência com pessoas como Alfredo e Pedro Giusti que eu fui "descobrindo as coisas", a despeito de dezenas de livros lidos e debates debatidos...

Mas eu não conheço nada melhor para  mostrar quem somos nós do que um texto, um desenho, uma música, enfim, algo que vem do nosso subconsciente, como a poesia... E o primeiro texto que eu conheço do ALFREDO é 

"  CARTA SEM DESTINO , 

com a seguinte epígrafe (... metrificando assim meu verso marginal de perseguido  /  que vai cair baldio num terreno abandonado. trecho do poema de Afonso Romano de Santana, Rainer Maria Rilke e eu).

Uns textos restritos pelas duras condições de existir organicamente dos autores, quer dizer assim:  a revista existe, depois de cinco anos de um parto, projeto de edição, algo novo, inusitado, além parâmetros comuns, alguma coisa que extrapola, que salta os muros, que rompe as barreiras no sentido da autodescolonização dos sentidos, está assim pois no âmago da questão de forma incontestável.

Enquanto isso, na mesa dum editor bem no bum  permanente da literatura importada, muitos autores estrangeiros da moda na moda  sempre rendosa das traduções  que fazem as caixas  registradoras funcionarem  e as cabeças ficarem domesticadas. 

Dinheiro, dinheiro, dinheiro, a mola que mexe a caldeira do diabo, que fomenta as reputações, as guerras e as desesperações dos verdadeiros artistas ( almas videntes deslocadas  no além-mundo , onde vale tanto a folha que cai da árvore  como um pedaço de papel  onde está pintada a cara de um personagem e um número de valor.).

Fazer a revistas poética ( FEIRA ) , pretensão de ser testemunha  de uma geração  cortada na raiz, uma explosão de criatividade, afinidade aos mestres e à vida.

Abre-se uma perspectiva para quem deseja  lá chegar um dia, ou seja, ver em caracteres impressos... não assim não; Artaud disse... não assim também não; seriedade cara, discurso lógico, a-emoção, fora da luz não, olha o enquadramento, cuidado com o foco narrativo.

Uns autores, uns mosquitos, umas moscas, uns originais sobre a mesa, retrato de ANA C. olhando linda , perguntando do porque da morte  pra ver sair um livro publicado. Indagando: até quando há de ser assim?

Não, assim não; bem, bom, uns editores, uns leitores especiais que analisam os textos e adquirem os mais significantes e evolutivos  criadores do fazer  literário de agora, os que tentam ocupar o vácuo deixado pela cassação ( caçação ) e perseguição da inteligência nacional executada cientificamente nas duas últimas décadas.

Em função disso, na mesa daquele editor, bem no bum da literatura estrangeira, mais uma tradução rendosa ( do METAMORFOSE de Franz Kafka existem três ou mais ) pra ser despejada no mercado, várias tiragens de muitos mis exemplares, garantido retorno de capital na capital do eixo cultural do país.

Modernos tempos do DAS CAPITAL.

Sabe de uma coisa, deixa isso pra lá de literatura figura, de testemunho das futuras gerações, vá plantar batatas no quintal da sua casa e esqueça as vanguardas ali onde possivelmente jazem sem fronteiras e vá plantar mamão com a mão que redige as linhas; linhas e mais linhas sem as luzes dos " clássicos " com seus traseiros de bronze e que vão sendo traduzidos e publicados, vendidos/comprados em todas as ´principais cidades do país por/para  uma multidão de leitores  bisonhos que garantem a marginalização dos possíveis novos talentos, assim como garantem a dominação cultural no plano literário neste nosso "patriarcado" bíblico como disse Graciliano Ramos.

ANA C. olha-me através das lentes dos óculos; acabo de levantar os olhos do papel e vejo a lua cheia atras das folhas do coqueiro. Choro. Alfredo Chlamtac Filho. "

O texto acima é do período 1980/1981, época em que POETAS ALTERNATIVOS, POETAS MARGINAIS, enfim, a MARGINÁLIA LITERÁRIA em geral juntou-se e produziu uma FEIRA LITERÁRIA na CINELÂNDIA, que foi durante uns dois anos  o PROGRAMA CULTURAL da juventude que iria engrossar as passeatas ao som de LEGIÃO URBANA...


*&*

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TREM DA CENTRAL

Cartazes gigantes
fazendo apelos
publicitários
aos corações.
Nos bolsos dos passantes
um vazio progride
desesperado.
Anuncio de tempestade
produzida pelas nuvens
da falta geral
nas barrigas roncantes
que atravessam subúrbios
para ir aos trabalhos
num trem da central.

*&*

sábado, 20 de setembro de 2014

LETRAS TAQUARENSES Nº 59 SETEMBRO 2014 * ANTONIO CABRAL FILHO - RJ

LETRAS TAQUARENSES Nº 59
SETEMBRO 2014 * ANTONIO CABRAL FILHO

http://pt.calameo.com/books/001893073127fd36cf737

Rio de Janeiro - Rj
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NESTA EDIÇÃO
Cida Micossi, Érico Veríssimo, Maria José Dias, Eliana Ruiz Jimenez, Humberto Del Maestro, Renata Paccola, Olivaldo Junior, Elza Chola, Antonio Augusto de Assis, Jessé Nascimento, Henny Kropf, Arlindo Nóbrega, Ivone Vebber, Araci Barreto, Marlos Degani, Silvério da Costa, Osael de Carvalho, João Batista Serra, Fernando Vasconcelos, Walter Siqueira, Lírian Tabosa, Antonio Luiz Lopes Touché e Antonio Cabral Filho.
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quinta-feira, 18 de setembro de 2014

PEDRO GIUSTI ENTREVISTA ANTONIO CABRAL FILHO * ANTONIO CABRAL FILHO - RJ

MOMENTO LITERO CULTUAL - SELMO VASCONCELLOS  - RO
ANTONIO CABRAL FILHO

"O poeta é um romântico revolucionário em tempo integral."
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Entrevistador: PEDRO GIUSTI, POETA E TROVADOR MARANHENSE
TROVADOR PEDRO GIUSTI E OUTROS VERSOS
http://pedrogiushttp://pedrogiusti.blogspot.com.br/ti.blogspot.com.br/

Entrevista:

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P: Quem é Antonio Cabral Filho?
R: Gosto deste modo de perguntar; porque é frontal e permite uma resposta extensa ou sucinta; mas prefiro esta: Sou Antonio Cabral Filho, que em vossa presença emigra; do pinto que não quer milho, João Cabral que lhe diga.



P: Como começou a escrever? Teve influências familiares?
R: Durante a catequese no meio rural em que vivi até aos quinze anos, é comum o uso das formas literárias e musicais populares; e foi aí, dentro da igreja que fiz contato com a poesia, fazendo quadras para cantar durante as aulas de catecismo, em sua maioria, dedicadas a Nossa Senhora. E, como não podia deixar de ser, minha maior instrutora foi minha mãe, que ainda canta "Ìndia, seus cabelos nos ombros caídos, negros como anoite que não tem mais fim..." como ninguém.



P: Por que poesia?
R: A poesia é meu forte, em função da objetividade com que ela serve para dar a resposta certa na hora certa ao interlocutor certo...



P: Como o poeta se coloca no mundo?
R: No meio da arena, com uma espada em cada mão...



P: Como é seu processo de criação? Existe inspiração?
R: Relâmpago, como agora; a resposta é medida pela pergunta. Inspiraçâo?  "Por Deus e por todas as coisas em que não creio, minha sombra fala, mas não no creio." (O Viandante e Sua Sombra - Nietzsche)


P: Atualmente, para quem os poetas escrevem?
R: Não somente os poetas, mas todo escritor escreve para si mesmo.


P: A arte é própria dos artistas ou todo mundo é artista?
R: Ferreira Gullar fala sobre isso o tempo todo e eu concordo: Todo mundo é artista. O que diferencia os "artistas" do seu conjunto (humanidade) é a sensibilidade com referencia a sua criação: Jamais existirão dois "Fernando Pessoa".


P: Despertar para a literatura é despertar para si mesmo?
R: Na medida em que seja despertar para o Mundo, sim.



P: A arte contribui para melhor compreensão do mundo?
R: Arte é integração da pessoa com o Mundo, e, na medida em que despertamos para nós mesmos, rompemos o processo alienante e nos tornamos sujeitos, frente a nós , portanto frente ao mundo.



P: Crê que a poesia, mesmo a não engajada, é um agente de
transformação pessoal? E social?
R: Até Marx já falou sobre isso: Um bom poema de amor é engajado na medida humana do Amor, uma vez que ELE resgata a pessoa na dimensão individual e a transporta para o coletivo ante a pessoa amada.


P: Acha importante o intercâmbio entre os escritores e seus leitores?
R: É a maior "oficina" do escritor; pois se recebe contribuições fantásticas, às vezes sem a menor pretensão.


P: Como vê os prêmios, concursos, eventos e afins? Contribuem
realmente para melhor literatura e formação de público?
R: Como palcos da produção, onde se realizam as suas concretudes, uma vez que "vender" uma ideia ou um produto depende desses dois componentes: A VIA de acesso e o DESTINATÁRIO.


P: A internet disseminou a literatura? Como vê os sites, blogs? Como
alteram a relação entre escritor/público?
R: A INTERNET assustou muita gente; a mim inclusive, que desmontei uma livraria e distribuidora em 1992, por trabalhar, basicamente, com livro didático, o mais "xerocado" e "baixado" do mundo; no entanto, para a literatura, ela representa um espaço ilimitado, pois permite acesso a mais pessoas e combate o preço final do livro impresso. Os blogs são "nossos fanzines" de outrora, tão guerreiros, buscando sempre mais adeptos/fãs/colecionadores...



P: Considera os saraus importantes para a socialização da poesia?
R: São fantásticos espaços de encontro entre escritores, leitores, boêmios, personagens etc


P: Como vê a literatura atual? Quais seus novos autores preferidos?
R: A literatura atual, brasileira, é sucesso de ponta a ponta do territótio nacional, dadas as suas necessárias proporções; hoje ficou mais difícil ser "best-seller" na metrópole, mas de certa forma, todos o são nas suas províncias...
Sobre os "Novos Autores", fica difícil destacar alguém, justamente devido ao grande número de gente publicando.

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P: Deixe um pequeno currículo.
Antonio Cabral Filho publicou até agora ECCE HOMO, poesia, 1997; DUELO DE SOMBRAS, poesia, 1999; VER...SO CURTO&GROSSO, poemas piadas,2006; CD/DVD DEPOESIA, 2008, CINZA DOS OSSOS, poesia, 2009...

Coletâneas: POETAS DA CIDADE DE NITERÓI, poesia, 1992; ANTOLOGIA POÉTICA 2 -UFF/Eduff, poesia 1996; POETAS 10engaVETADOS, poesia, 1995; BRASIL LITERÁRIO 2007/2010; ANTOLOGIA 13 POSTAL CLUBE, poesia, 2011; FANTASIAS, coletânea de contos, crônicas e poesia, 2011, ALPAS21; POETAS EN/CENA 6 BELÔ POÉTICO 2012. Em programação: ANTOLOGIA DE POETAS BRASILEIROS CONTEMPORÂNEOS, pela Ed. Pimenta Malagueta/Elenilson Nascimento...

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Contato:



E-mail: letrastaquarenses@yahoo.com.br
Blog: letrastaquarenses.blogspot.com.br 

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Pequena mostra da poesia de Antonio Cabral Filho

HAICAIS

Das copas floridas,
despencam só broches de ouro:
Ipês amarelos.
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No cinzeiro cheio,
a prova do que serão...
Só quero aplaudir...
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Canto da Uiara,
lá bem no ermo da floresta:
Quem ouve, não volta.
*
Na dança do fogo,
chamas devoram desejos:
Sagração do rogo.
*
Pleno meio dia,
nenhuma nuvem no céu:
Verão implacável.

TROVAS

Trem é coisa de mineiro,
mas é meio de partida;
leva o pai ao estrangeiro,
deixando a mãe desvalida.
*
Quem criou obras tão belas
como o luar das Gerais,
fez da mulher uma delas,
mas pra si tem algo mais...
*
Minas é demais da conta,
é terra das emoções;
pois só ela tem "Três Pontas"
e até "Três Corações"

*
Todos cantam sua terra,
também vou cantar a minha;
mas no meu verso se encerra:
- Minas Gerais é rainha!
*
POEMAS PIADAS

DESEMBUCHE

Oh meu caro Gabo,
tenha a santa paciência;
ninguém aguenta mais
"Cem Anos de Solidão!"
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MACUNAIMAICAI

Sacrifício algum
vale prazer mais intenso
que matar o tempo.
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MILITÂNCIA

Os meus sonhos de 68
acabaram em 69
nas areias de Ipanema
com uma loura bem suada.
*
SARRO

Poema feito nas coxas
é igual a mulher bonita:
Não precisa entender o enredo,
basta gostar do arranjo.
*
ELEGIA DE AUGUSTO DOS ANJOS

Fui ler Augusto dos Anjos,
mas assim logo de cara
fiquei que nem os arcanjos
caçando "Escarlete Ohara".

Pareceu-me um Frankenstein,
Drácula sem Baviera;
Por mais que vocês estranhem,
achei bem pior do que era.

Mas depois eu me dei conta,
tanta riqueza linguística
cuspida por gente tonta

sem apreço com estilística,
fora os burros sem cabrestos
aos coices pelos seus textos.
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ESPELHO DE SOMBRAS

Por sobre os ombros
os olhos fitam o mundo
refletido no espelho
através da janela...
O corpo imerso no dia convulso
insensível aos suicídios
e ao calor das discussões
não figura, não é mais nem menos
na paisagem alheia.
O pintor no atelier
não o notaria pousado na folha
branca sobre a mesa.
O dia cheio de mecanismos
é tudo que cabe no espelho;
O resto, os olhos não podem ver...
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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

APANHADOR DE SONHOS ANTOLOGIA - LANÇAMENTO BECO DOS POETAS * ANTONIO CABRAL FILHO - RJ 2014

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APANHADOR DE SONHOS ANTOLOGIA
1ª Edição São Paulo
Grupo Editorial
Beco dos Poetas & Escritores 2014
Contato: acf136@ymail.com
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Todos são unânimes quanto à fama, ao prestígio, ao sucesso e estrelato, sobretudo editorial: ninguém nasce popstar, ninguém VIRA Michel Jackson.
O livro APANHADOR DE SONHOS é uma ANTOLOGIA, com 27 autores, entre cronistas, contistas e poetas e vive este mesmo drama. São escritores dos mais díspares rincões do Brasil, entre os quais a exceção é aquele que tem apenas um ou dois livros editados, ou seja, a sua maioria já tem " um caminho andado."

Outro aspecto importante a destacar é a inserção da maioria de seus autores na prosa e no verso, contando-se nos dedos aqueles que se contentam apenas numa modalidade literária.

APANHADOR DE SONHOS ANTOLOGIA
traz ao público  autores bastante seguros na relação com o ato de escrever, o que podemos notar pela destreza dos textos, sem rodeios, sem arranjos nas entrelinhas, tanto na prosa quanto no verso.
Suas temáticas mostram isso, seja pela diversidade de assuntos, seja pela resolução apresentada pelo autor no desenrolar das tramas. Quanto à predominância da preocupação existencial,  a maturidade dos textos  mostra que o centro destes escritores é a solução dos dramas humanos. Confiram Adriano Ferris, Ana Bolena,André Anlub, Antonio Cabral Filho, Arnaldo Leodegário, Beto Acioli, Carolina Nunes, Célia de Almeida Alvarenga, Cintia Rank, Claudynha, Deolinda Nunes, Dú Karmona, Eugênio Morato Quadros, Fernanda Muniz Francisco, Harlei Cursino Vieira, Helládio da Silva Holanda, Isabem C S Vargas, James Pinheiro da Silva, Johnathan Bertsch, Leandro Yossef, Lenival de Andrade, Lin Quintino, Liz Rabello, Nino Campos, Sérgio Francisco de Oliveira, Sirlei Dangui, Zezé DSouza, 

Neste livro o leitor encontra o poeta extasiado com as realizações do amor, o cronista feliz por ter encontrado com um beija-flor a caminho do trabalho e o contista apresentando um estoque de soluções para quem sonha um futuro cheio de certezas.  

APANHADOR DE SONHOS ANTOLOGIA
pode ser adquirido com os autores, seja através de contatos diretos seja via suas páginas na internet, em sua maioria alojadas no Portal Beco dos Poetas, ou Facebook etc, e não fosse a exiguidade desta tiragem de lançamento, os distribuidores teriam um excelente produto de mercado, pois contariam com imensa rede de mídia a seu favor.
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